Em Outubro de 1807 as tropas francesas de Napoleão invadiram Portugal, passando a dominar todo o país. Instalado em Faro o comando das tropas invasoras no Algarve, logo os exércitos franceses fizeram sentir às populações dominadas o seu poder e ganância, com tributos, impostos, exacções, roubos e rapinas.Da Igreja Matriz de Olhão foram roubadas duas cruzes de prata e uma lâmpada (também de prata) e a população olhanenses era pesadamente carregada de impostos, quer para poder pescar, quer sobre o que pescasse.
A 16 de Junho de 1808, à porta da Igreja Matriz, onde o povo se juntara, a tropa invasora afixara um edital convidando convidava os portugueses a fazerem causa comum contra a Espanha então insurrecta. O coronel José Lopes da Sousa, militar português então em Olhão (o exército nacional fora desmobilizado) desfaz o edital em pedaços, gritando ao povo: “Ah! Portugueses, já não merecemos este nome, nada somos já!”. O povo respondeu a este desafio, solidarizando-se com ele e iniciando a revolta contra os ocupantes. Logo nessa mesma tarde se soube em Faro dos acontecimentos revoltosos de Olhão; e os franceses e os seus aliados tentaram, ora com boas palavras ora com ameaças, demover os olhanenses da sua rebelião. O coronel Lopes de Sousa mandara, entretanto, Sebastião Martins Mestre pedir armas a Ayamonte; e de ali vieram 130 espingardas.
Os comandos franceses quiseram, com toda a pressa, pôr fim à revolta olhanense. Movimentaram tropas de Vila Real e de Tavira para as cercanias de Olhão, vindo outras de Faro. Deslocaram também tropas de Tavira para Olhão, por mar, em três caíques. A 18 de Junho a notícia correu; e alguns barcos de olhanenses, comandados por Sebastião Martins Mestre, dirigiram-se ao encontro das embarcações francesas e conseguiram, num golpe de surpresa, apreendê-las, fazendo 77 prisioneiros, entre os quais oficiais de comando; e igualmente conseguiram aí munições em grande número. Nesse mesmo dia, mas em terra, capturaram três estafetas franceses, com ordens do General Junot, desde Lisboa. Ficou-se a saber que o cerco dos franceses a Olhão se apertava. Tropas francesas vinham de Vila Real de Santo António, para Olhão; e estavam já em Moncarapacho.
Os comandos franceses quiseram, com toda a pressa, pôr fim à revolta olhanense. Movimentaram tropas de Vila Real e de Tavira para as cercanias de Olhão, vindo outras de Faro. Deslocaram também tropas de Tavira para Olhão, por mar, em três caíques. A 18 de Junho a notícia correu; e alguns barcos de olhanenses, comandados por Sebastião Martins Mestre, dirigiram-se ao encontro das embarcações francesas e conseguiram, num golpe de surpresa, apreendê-las, fazendo 77 prisioneiros, entre os quais oficiais de comando; e igualmente conseguiram aí munições em grande número. Nesse mesmo dia, mas em terra, capturaram três estafetas franceses, com ordens do General Junot, desde Lisboa. Ficou-se a saber que o cerco dos franceses a Olhão se apertava. Tropas francesas vinham de Vila Real de Santo António, para Olhão; e estavam já em Moncarapacho.
Os olhanenses, armados de algumas espingardas, espadas velhas, espadins, forcados, trancas, fisgas e até de pedras , foram ao encontro do inimigo. Na Ponte de Quelfes aguardaram, ocultos, pela passagem da tropas francesas. Deram-lhes combate, derrotaram-nas e perseguiram os que fugiram em direcção a Faro. Nessa primeira refrega, 18 soldados de Napoleão perderam a vida. Os que escaparam foram perseguidos até ao Mato Joinal, mas conseguiram juntar-se ao resto da tropa que vinha do lado de Faro.
Gaviel, capitão francês de artilharia do comando de Faro, juntou as suas forças enviando-as contra os revoltosos olhanenses que nesse momento se encontravam na Meia Légua, entre Olhão e Faro. A resistência olhanense a esta carga francesa foi bastante viva e os franceses tiveram que retirar-se, tendo sofrido mais 25 baixas e perdido a maioria das suas mochilas e armas. Do lado olhanense morreram 2 crianças que no local apascentavam gado, vítimas, na retirada, da ira dos franceses derrotados; e, no combate, o olhanense António de Gouveia, pessoa na altura com 100 anos e por isso conhecido como “Pai-Avô”.A revolta olhanense deu início a uma sequência de revoltas por todo o Algarve e pelo país. Muitas populações de outras tantas localidades oprimidas, motivadas pela coragem dos olhanenses, seguiram o seu exemplo, e dentro em pouco os franceses tiveram que retirar para Norte.O povo olhanense mobilizara-se (toda a população, velhos, mulheres, crianças), tendo sua frente o coronel José Lopes de Sousa e Sebastião Martins Mestre, e ainda o Padre António Matos Malveiro, que também participou nas lutas e nas refregas. João da Rosa, escrivão do Compromisso Marítimo, relatou todos esses factos que presenciou e dos quais também foi participante.
A família real portuguesa estava então no Brasil, fugida antes da entrada dos franceses em Portugal. Não contentes com a revolta que haviam iniciado e que alastrava, dando paulatinamente lugar à Restauração da independência portuguesa, alguns marítimos de Olhão decidiram ainda levar a notícia do que se estava a passar ao rei, no outro lado do Atlântico. Eram pescadores apenas habituados a navegação à vista da costa; mas, num pequeno caíque chamado Bom Sucesso, fizeram-se ao mar em Julho de 1808; e ao fim de dois meses estavam no Brasil a dar à Corte a novidade da libertação de Portugal.A tripulação do caíque era a seguinte: “Manuel de Oliveira Nobre (piloto), Manuel Martins Garrocho (mestre), António da Cruz Charrão, António Pereira Gémeo, Domingos do Ó Borrego, João Domingos Lopes, José da Cruz, José Pires, Joaquim Ribeiro, António dos Santos Palma, Domingos de Souza, Francisco Lourenço, João do Moinho, José da Cruz Charrão, Joaquim do Ó, Manuel de Oliveira e Pedro Ninil.O rei recebeu-os com todas as honras.
Esta travessia, acrescendo à revolta, foi um novo episódio de audácia e de heroísmo, que valeu à então aldeia de Olhão, por decisão régia, a elevação à categoria de Vila, com o nobilitante título de Vila do Olhão da Restauração, que hoje, sendo já cidade, conserva em memória desse ilustre feito.Em 2008 cumprem-se 200 anos sobre tão importantes acontecimentos da nossa História. Olhão vai comemorar este bicentenário com eventos, festejos, cerimónias e actos, durante todo o ano de 2008. A população de Olhão, descendente desses heróicos ancestrais, saberá decerto honrar a memória dos seus antepassados, comemorando também, de modo activo, estes 200 anos de uma história singular.
Sem comentários:
Enviar um comentário